Gosto muito, mas mesmo muito, de ouvir Vergílio Ferreira a dizer os seus textos. Não sei, talvez porque sinto nele a voz da solidão primordial, quer seja a da serra, quer seja a da planície (já a do mar não a sinto tanto; e muito menos a da cidade).
Mas sobre isto que acabo de dizer, partilho aqui um texto publicado na Conta-Corrente 3, no dia 17 de Dezembro de 1980:
(...) Vim do Norte, da montanha da água e da verdura: a extraordinária individualidade da planície resiste longamente a quem a ignora. Mas, por fim, não me foi difícil perceber que a linguagem da Serra se reconhece de algum modo na da planura: é a linguagem da força cósmica, da desolação, do silêncio. Se a montanha apela mais para a epopeia e a planície para a tragédia, tragédia e epopeia têm um signo comum que o lirismo desconhece. (...)
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